Para celebrar os 115 anos de Pagu

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Para celebrar os 115 anos de Pagu

“Há tanta coisa excitante que deixar
Há tanta coisa falsa pra gozar
E há ainda a realizar a experiência das coisas que não experimentei”
(Microcosmo, 1939).

Patrícia Galvão, Pagu, nasceu dia 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista, Interior de São Paulo. O final da vida foi em Santos, ao lado do jornalista e escritor Geraldo Galvão Ferraz, um homem apaixonado e dedicado que entendia sua ânsia de viver e dava a sustentação para os sonhos de Pagu.

Mas afinal quem foi Pagu? A colegial de batom escuro que encantou Oswald de Andrade e foi o pivô da separação do escritor com Tarsila do Amaral? A militante do ideal detida 23 vezes por suas posições políticas? A jornalista que no tabloide O Homem do Povo, já questionava a atuação das mulheres na sociedade, por meio de histórias em quadrinhos e na coluna Mulher do Povo? A autora do romance proletário “Parque Industrial” ou do romance “A famosa revista”, que é o contrário do primeiro? Mara Lobo, pseudônimo que usou muitas vezes? A desenhista de croquis de Pagu? A mãe ausente que mesmo assim deixou registros de saudade e emoção em bilhetes e cartas? A Gin, já nos últimos anos de vida, escrevendo uma coluna de TV para o jornal A Tribuna?

“Foram muitas, foram tantas…” diz Lúcia Teixeiras, biógrafa de Pagu e autora de quatro obras sobre ela que revelar essas e outras faces.
Lúcia pesquisou durante anos a vida de Patrícia, selecionou todo material e montou em Santos o Centro Pagu Unisanta, com mais de três mil documentos (cartas inéditas, inclusive), fotos e objetos de Patrícia. “Pagu está muito presente em Santos. Nosso Centro Pagu Unisanta guarda sua memória com documentos, fotos e escritos dela e para onde vem pessoas de todo Brasil e de outros países em busca de informações que eternizam trabalhos com diversas possibilidades artísticas e culturais a sua memória. Além disso, a Pagu está ainda presente não apenas em forma de lugar, mas em forma de um desejo, de uma força da nossa cultura”.

Lúcia destaca que Santos é uma cidade libertária com seus movimentos culturais, educacionais e de teatro. “Essa ânsia de Pagu continua presente. Quando comecei a estudar ela era uma memória apagada. A partir daí foi dado seu nome para o antes Teatro Brás Cubas que passou a incluir o Centro de Cultura Patrícia Galvão. A cadeia da Praça dos Andradas, onde ela esteve presa, que se transformou em Oficinas Culturais Pagu, órgão do Estado de S. Paulo. Ela está também presente nos movimentos culturais com sua indomável teimosia como os nossos moradores da cidade, sem se curvar. Pagu é reconstituída na força e no sonho de muitas outras pessoas, que mesmo que não morem em Santos, levam de Santos e de Pagu essa ânsia para muitos outros lugares. A sua natureza era de não ficar restrita apenas esse lugar. Agradeço a todas as pessoas que me trouxeram Patu e levam Pagu dentro de si”.

A escritora comenta que Pagu e sua obra continuam muito atuais, principalmente em um tempo de buscas constantes como o que vivemos. “Ela foi incentivadora cultural, moderna e pós-moderna em sua obra e vida, à frente de seu tempo. Suas colunas de jornal trataram de cultura, política, arte, literatura, teatro, divulgando autores desconhecidos no Brasil e alguns no restante do mundo. Em suas críticas sobre o cotidiano social e no que trouxe ao público brasileiro de autores estrangeiros, foi visionária, com olhar sensível, antecipatório. Desde a infância, sonhava com o movimento, o conhecer, o “ir bem alto”, na busca de expressar sua ampla capacidade de amar”.

Outro lado importante de Pagu foi a defesa constante dos livros e da leitura, um exemplo de incentivo em textos e falas: “Por que temos um rádio, uma televisão, e não temos uma estante de livros em casa? A tarefa essencial de uma cidade que cultua a inteligência, de uma cidade que aspira a uma posição, é a de manter e cultivar o gosto pela leitura. A serviço dessa diretriz colocamo-nos aqui, agora e sempre, pela leitura e para a leitura”.

Obras de Lúcia Teixeira

Os Cadernos de Pagu – manuscritos inéditos de Patrícia Galvão
Organização e notas da escritora Lúcia Teixeira, biógrafa de Pagu, chega para jogar luz na vida e obra de Patrícia Galvão. Neste livro, Lúcia apresenta cinco cadernos manuscritos inéditos de Pagu, dos anos 1920 a 1960 (até sua morte), revelando aspectos desconhecidos, desde a incursão dela no Modernismo Antropofágico, a produção de texto na fase de adesão político partidária, seus primeiros passos como dramaturga, em inéditas peças teatrais, a partir de 1931, além de escritos sobre literatura e outros escritores e algumas cartas para Oswald de Andrade e Geraldo Ferraz, entre outros destinatários.

Fac-smile: crônicas, rascunhos, anotações e textos de apresentação e complementares.
Ano: 2023
formato: 15,6 x 22,8
Editoras Nocelli e Unisanta
Páginas: 328
ISB: 978-65-998800-3-2

Trilogia Pagu

Viva Pagu
Escritora, jornalista, militante política e mulher de teatro, Patrícia Galvão (1910-1962) lutou com paixão em muitas trincheiras. “Viva Pagu – Fotobiografia de Patrícia Galvão”, de Lúcia Maria Teixeira e o coautor Geraldo Galvão Ferraz, coedição da Imprensa Oficial do Estado e da Editora Unisanta, finalista do Prêmio Jabuti, retraça a rica trajetória da musa dos modernistas e da vida cultural e política brasileira nesse período, a partir de amplo material iconográfico e muitos documentos inéditos.
Ano 2010
Subtítulo: Fotobiografia de Patrícia Galvão
Editora: Coedição Imprensa Oficial do Estado de SP e Editora Unisanta
Ano: 2010
Nº de Páginas: 348
ISBN: 8570608446

Croquis de Pagu
O livro ‘Croquis de Pagu e outros momentos felizes que foram devorados reunidos’ apresenta desenhos inéditos e outros que Patrícia Galvão dedicou à Tarsila do Amaral, no ‘Álbum de Pagu, nascimento, vida, paixão e morte’. As duas produções são do período em que ela emerge no Modernismo Antropofágico, sob a tutela de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. A autora Lúcia Teixeira incluiu fotos de momentos de Pagu, além de amplo material de pesquisa, como jornais, de 1931 a 1961.
Subtítulo: e outros momentos felizes que foram devorados reunidos
Editora: Coedição Editora Cortez e Editora Unisanta
Ano: 2004
Nº de Páginas: 128
ISBN: 8524910313

Pagu- Patrícia Galvão: livre na imaginação, no espaço e no tempo
O livro apresenta a trajetória da vida de Pagu, Patrícia Galvão (1910-1962) que teve destacada atuação no cenário político e cultural brasileiro. A Pagu ousada, polêmica, musa de rara beleza e glamour, participante do Modernismo, em sua fase mais revolucionária, a Antropofagia, militante do Partido Comunista Brasileiro e depois dissidente e crítica do mesmo partido, a primeira mulher presa no Brasil por motivos políticos, torturada e perseguida.
Título: Pagu – Patrícia Galvão: livre na imaginação, no espaço e no tempo
Editora: Unisanta
Ano: 1999
Nº de Páginas: 114
ISBN: 8599401017