O Capim dos Indigentes

O coveiro, moleque velho, o João Chapinha segue na frente, mostra:

-É aqui, veja. Um pasto. É assim. Querendo um número paga. O primeiro nome paga mais. O nome e o sobrenome mais um pouquinho. Mas na vala comum a gente tem mais vantagem. Enterra de qualquer jeito. Pode vir nu. Pode vir despido…

O contraste aparece. Os indigentes têm capim. Os 5 anos têm pedras. E os grandes jazigos… as inscrições… as legendas …

"A orfandade legou pão e luz."

-Conheço muito bem essa sujeita. Minha mulher que diga. Esteve empregada lá. Um conto para os pobres e três para o jornal das notícias… João Chapinha continua a atravessar montes de terra. Aponta o túmulo onde se fecharam os últimos sonhos imperialistas do Barão do Rio Branco.

-Os ricos mandam os chauffeurs trazerem flores… mas ninguém visita a vala comum. Ninguém sabe onde tem os ossos.